domingo, 3 de junho de 2012

Diversão para pequenos e grandes

 

Esse fim de semana conferi, junto com o meu fiel escudeiro Caio, dois programas bem bacanas, tanto para os pequenos, quanto para os mais grandinhos, o filme Piratas Pirados e o espetáculo Zero, da Cia. Mevitevendo. Começamos, no sábado, com a animação Piratas Pirados, um desenho feito em stop-motion (fotografado quadro a quadro, com personagens e cenários de massinha), que só por isso já vale o ingresso. O Caio, com praticamente 5 anos, ficou maravilhado em saber que o filme era todo feito de massinha.

Produzido pelo estúdio inglês Aardman Animations (o mesmo de Wallace & Gromit e Fuga das Galinhas), o desenho mostra as confusões do Capitão Pirata e sua trupe para ganhar o Prêmio de Pirata do Ano. A animação explora com bom humor a oposição entre os valores humanos e as riquezas materiais e apresenta para os mais jovens figuras históricas como a Rainha Vitória, Charles Darwin e Jane Austen, além do dodô, ave já extinta e que é peça principal da trama.

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Para os pais fica o gostinho nostálgico dos desenhos feitos com massinha e uma oportunidade de mostrar que nem só de desenhos virtuais se faz um bom filme. Preste atenção na estranha figura de longas barbas e voz fina, uma charada matada pelos adultos, mas que as crianças podem não entender. Com certeza teremos uma continuação, ganchos bons e divertidos não faltam.

Delicadeza no teatro de bonecos

Já no domingo, fomos ao SESC Bom Retiro, uma das mais novas unidades do SESC em São Paulo, para assistirmos o espetáculo infantil Zero, da Cia Mevitevendo. Espetáculo de bonecos, com apenas dois atores/ manipuladores, a montagem encanta pela delicadeza e sensibilidade que trata alguns assuntos.

Com um visual divertido, com peças de bicileta, chaminé, fios, escada e guarda-chuva, a peça livremente inspirada no conto O Rouxinol e o Imperador, de Hans Christian Andersen, tem uma atmosfera mágica e misteriosa e mostra um mundo diferente, onde tudo é artificial (o sol, a lua e a estrelas), quando a aparição de um pássaro transforma a vida de todos.

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Sem muito didatismo, a encenação consegue passar para os menores algumas mensagens positivas, como a importância de brincar, sorrir e até dar um simples bom dia (lição até hoje não aprendida por muitos adultos). A técnica de animação empregada é mista – combinação de diferentes técnicas, dimensões e materiais, além do uso de máscaras e de uma curiosa junção de partes do boneco com partes do corpo do ator.

Os dois passeios acabaram, e não foi de propósito, por trazarem um pouco do mesmo assunto, a necessidade de humanização e de como as coisas mais simples e verdadeiras são capazes de nos encantar e transformar. Eu e o Caio adoramos!

Para quem quiser conferir, o filme Piratas Pirados esté em cartaz em várias salas de cinema e o espetáculo infantil Zero, faz última apresentação dia 7 de junho, quinta-feira (feriado) ao meio-dia no SESC Bom Retiro. Outras informações no site www.ciamevitevendo.com.br

domingo, 6 de maio de 2012

A balada de Nelson Rodrigues

Depois de muitas tentativas, aderi, finalmente, a Virada Cultural. Como não sou muito adepto a multidões, achei a proposta do SESC Belenzinho de homenagear Nelson Rodrigues um bom motivo para me jogar na madrugada. Batizado de Uma Balada Para Nelson Rodrigues, o evento celebra o centenário do dramaturgo e marca o primeiro ano em que a Virada traz teatro em sua programação oficial.

Bons motivos não faltavam para seguir ao Belenzinho. Então eu e o Alê não pensamos duas vezes e fomos curtir as várias obras do mais influente dramaturgo do Brasil. Chegando lá nos deparamos com uma cenografia bem legal. Luzes vermelhas e amarelas iluminavam toda a praça de entrada da unidade, onde estavam espalhados vários vestidos de noivas. Nesse cenário eram realizadas várias apresentações. Já no galpão, um tradicional boteco da década de 1950, cenário recorrente na obra e na vida de Nelson, estava agitadíssimo com petiscos, cervejas e caipirinhas. Outras atividades se espalhavam nas salas de espetáculos, área de convivência e comedoria, enquanto imagens de várias montagens teatrais dos textos do dramaturgo eram projetadas no prédio do SESC. Um verdadeiro show.

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Fachada do SESC Belenzinho

Entre as coisas bacanas que assistimos, destaque para a leitura dramática que o Grupo XIX fez para Vestido de Noiva, a encenação de Cibele Forjaz para A Falecida e as intervenções dirigidas por Marcelo Lazzaratto com a Cia Elevador de Teatro Panorâmico, além das leituras dramáticas baseadas em textos de A Vida como ela é, passadas dentro de um ônibus e dirigidas por Luiz Fernando Marques.

Vestido de Noiva

Projeto do Grupo XIX que será montado em 2013, o texto Vestido de Noiva, ganhou leitura especial batizado, na Virada, com o subtítulo A Primeira Prova. Pelo que foi visto vem coisa boa por aí. A agilidade da encenação, a troca constante de papéis e a divisão dos planos com repetição de cenas foram um prato cheio para quem curte um bom teatro. O elenco afiado do prestigiado grupo paulista, dirigido por Luiz Fernando Marques, promete boas surpresas para o ano que vem.

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Eu de olho nos ajustes finais para a leitura de Vestido de Noiva do Grupo XIX

Outra leitura que merece ganhar os palcos é A Falecida, da diretora Cibele Forjaz. Capitaneada pela atriz Isabel Teixeira, a encenação ganhou um charme especial com os atores reunidos numa roda de samba puxados pela voz de Celso Sim. O ator Paschoal da Conceição e a atriz Mariana Senne, em participações especiais, deixaram a leitura mais leve e divertida.

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Mariana Senne e Isabel Teixeira na encenação de A Falecida (foto de Roberto Setton)

A maratona acabou às 6 horas da manhã com o dia chegando e um delicioso café da manhã temático – mais uma homenagem a Nelson – no próprio SESC Belenzinho. Um pingado em copo americano, suco de laranja, pão na chapa com manteiga, geléia e bolo de fubá com amêndoas por apenas R$ 9,00.

Acredito que a iniciativa foi bem sucedida e que o SESC promova na próxima Virada Cultural outras atividades com sua assinatura que é sinônimo de qualidade, comprometimento e sucesso.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Show de luzes em Licht+Licht

Depois de estrear nacionalmente no Festival de Teatro de Curitiba, o espetáculo LICHT+LICHT, da Cia. de Ópera Seca, fez sua estreia em São Paulo. A montagem, com direção, dramaturgia e iluminação de Caetano Vilela, se apresentou ontem no Auditório do Ibirapuera e volta ao palco hoje, dia 12 de abril, quinta-feira, às 21 horas.

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Segunda direção de Caetano Vilela para a Cia. de Ópera Seca LICHT+LICHT traz no elenco os atores Fabiana Gugli, Germano Melo e Wagner Antônio e é uma homenagem a Goethe. O espetáculo parte das últimas palavras pronunciadas por Goethe antes de morrer: “Licht mehr Licht” (Luz, mais Luz). Em um delírio segundos antes, o autor alemão vê seus personagens (Fausto/Mephisto, Werther/Willelm Meister e Margarida/Charlotte) em relações bem diferentes das imaginadas por ele.

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A atuação do trio de atores chama atenção, mas é a ilumação de Caetano Vilela que reina como a protagonista do espetáculo, que possui um jogo cênico dinâmico, figurinos perfeitos e claro, muitas referências clássicas, principalmente a ópera, que Caetano conhece muito bem. Sabendo que Goethe passou anos obcecado pela obra Da Teoria das Cores, em que propunha uma nova teoria das cores, em oposição à teoria de Newton, LICHT+LICHT  abre uma cartela sortida de cores num cenário com poucos elementos.

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Responsável também pela dramaturgia do espetáculo, Caetano conta que se baseou no ‘romance de formação’ pouco lido no Brasil Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister para montar o texto, além de buscar inspiração nas óperas Werther, de Jules Massenet; Faust, de Charles Gounod e Cenas de Goethe – Faust, de Robert Schumann, todas baseadas nas obras de Goethe. O escritor alemão também produziu obras voltadas para as ciências naturais, principalmente botânica, que se faz presente no texto de Caetano e como um singelo objeto no palco.

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Agora, é torcermos para que o espetáculo entre em cartaz em São Paulo e possa viajar pelo Brasil espalhando muita luz por onde passar, principalmente na plateia, ofuscada, em muitos momentos, pela potência das luzes de Caetano Vilela.

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"Eu não vim aqui pra explicar, eu vim pra confundir" #chacrinhafeelings #licht+licht (extraído do twitter de Caetano Vilela). Precisa dizer algo mais? Só conferindo LICHT+LICHT . Corre que ainda dá tempo.

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