terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ler é bom demais

O incentivo à leitura é sempre uma boa notícia. Contribuir com a formação intelectual dos pequenos leitores então é algo para se comemorar. Na semana passada, a Nossa Senhora da Pauta acompanhou um dos eventos do Projeto Leitura para Cidadania – modalidade Livro Vivo, da Editora Paulus. O evento aconteceu na Fundaçao Bradesco, em Osasco, e foi organizado pela A2 Produtora de Eventos.

Desde 2006, o projeto atinge milhares de crianças e adolescentes oriundos de escolas públicas por meio da distribuição gratuita de livros paradidáticos e de Literatura Brasileira. Além dos alunos da Fundação Bradesco, escolas públicas dos bairros próximos também participam do projeto. Ao todo foram distribuídos mais de 29 mil kits de livros, cada um com seis títulos (Os Três Porquinhos, João e o Pé de Feijão, Pinóquio, O Mágico de Oz, O Grãozinho de Areia em Cordel e Minhas Primeiras Histórias Mitológicas Gregas). O projeto também capacita professores para que os mesmos possam usufruir plenamente dos livros em sala de aula.

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Para animar as mais de mil crianças presentes no evento, a A2 Produtora organizou uma apresentação teatral com bonecos e  pequenas apresentações realizadas pelos alunos das escolas envolvidas no projeto, como dança, banda marcial e coral, entre outros. O mascote do Projeto Livro Vivo, o Paulinho, também marcou presença e encantou a criançada.

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Vale lembrar que diversas atividades culturais e sociais englobam o Projeto Leitura para Cidadania, modalidade Livro Vivo. A distribuição de mais de 2 milhões de livros às comunidades em diversas regiões do Brasil é acompanhada de eventos, como contação de histórias, oficinas culturais e shows, temáticas que unem diversão e aprendizagem para a melhor integração da cultura à realidade das comunidades.

O Projeto Leitura para Cidadania é uma iniciativa da Pia Sociedade de São Paulo em parceria com as organizações da sociedade e do poder público para incentivar a leitura e a promoção social de crianças e jovens.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O aconchegante Espaço Elevador

Quem passa pela Rua Treze de Maio, no bairro da Bela Vista, nem imagina que no número 222 há um novo teatro na cidade de São Paulo. Depois de atravessar a porta e um pequeno corredor, o espaço se abre em um imenso salão de pé direito alto. O que era um galpão antigo virou o Espaço Elevador, sede da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico – dirigida por Marcelo Lazzaratto – e que depois de 10 anos de estrada abre ao público seu local próprio de apresentações.

O novo teatro de São Paulo possui capacidade para 50 pessoas em uma arquibancada com assentos estofados e uma estrutura que lembra a do palco elizabetano, com dois andares com entradas e saídas em cada um deles. Um dos diferenciais do novo espaço é que a arquibancada é móvel e pode ser transferida para o outro lado do galpão transformando o espaço em um palco italiano convencional. A ideia da sede surgiu porque, segundo o diretor Marcelo Lazzaratto, a Cia. sentia necessidade de ter um local que ajudasse no cotidiano de pesquisa. Com o novo espaço, o grupo paulista poderá apresentar seus espetáculos, ampliar a pesquisa com processos abertos e realização de oficinas. Também está nos planos da trupe abrir o local para grupos convidados.

2010-10-05 20.35.08Palco elizabetano do Espaço Elevador

A inauguração do Espaço Elevador aconteceu semana passada com a estreia do espetáculo Do Jeito que Você Gosta, considerada por muitos, a obra-prima de William Shakespeare da comédia, e que ganhou tradução inédita da própria Cia. O espetáculo fica em cartaz até 19 de dezembro, sempre de sexta-feira a domingo. O grupo aproveita e reestreia no próximo dia 26 de outubro a montagem  Eu Estava Em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse, do autor francês Jean-Luc Lagarce. A peça fica em cartaz as terças e quartas-feiras.

2010-10-05 21.45.07 O diretor Marcelo Lazzaratto na arquibancada do teatro em entrevista ao Jornal O Estado de SP

2010-10-05 20.39.00 Ensaio do espetáculo Do Jeito que Você Gosta

2010-10-05 21.44.51 Detalhe do novo espaço teatral de São Paulo

ESPAÇO ELEVADOR – Rua Treze de Maio, 222 – Bela Vista. Telefone: (11) 3477-7732. Capacidade – 50 lugares.

DO JEITO QUE VOCÊ GOSTA –  Sextas-feiras às 20h30, sábados às 20 horas e domingos às 19 horas. Duração – 150 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 12 anos. Ingressos – R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados e classe teatral mediante comprovação) e R$ 10,00 (moradores do bairro Bela Vista mediante comprovação). Até 19 de dezembro.

EU ESTAVA EM MINHA CASA E ESPERAVA QUE A CHUVA CHEGASSE – Terças e quartas-feiras às 21 horas. Duração – 90 Minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos. Ingressos – R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (estudantes, aposentados e classe teatral mediante comprovação) e R$ 10,00 (moradores do bairro Bela Vista mediante comprovação). Até 15 de dezembro.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Na Bienal de SP o que menos interessa são os urubus

No domingo, depois de votar e almoçar numa boa cantina na Bela Vista, fui visitar a 29ª Bienal de Artes de São Paulo. A mostra de 2010 é infinitamente melhor que a passada que deixou um andar inteiro vazio e que foi alvo de pichadores. Entre as obras mais comentadas pela mídia confesso que não vi nada demais na de Nuno Ramos com seus urubus. Com certeza a Bienal traz coisas mais legais de ser ver e apreciar, como a série Inimigos, do artista plástico pernambucano Gil Vicente. A obra traz uma série de imagens do próprio artista executando personalidades como o presidente Luís Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, George W. Bush, Ariel Sharon e o Papa Bento XVI.

Outra obra que merece destaque é A Origem do Terceiro Mundo, um túnel criado pelo paulista Henrique Oliveira revestido por lascas de madeira usadas em construção. Na saída, olhe para trás e repare na forma da instalação do artista. Daí você vai entender o titulo da obra.

2010-10-03 17.17.27 O interior da obra A Origem do Terceiro Mundo

Interessante também são as instalações Abajur, de Cildo Meireles; Beggars, do turco Kutlung Ataman e Sobre Este Mundo, de Cinthia Marcelle. A primeira traz pessoas, como num trabalho escravo, movendo um enorme abajur com projeção de imagens do mar e do céu. Impossível não associar aos filmes que traziam escravos remando. Já a obra do cineasta turco incomoda e está sendo considerada uma das mais fortes da mostra. A instalação em vídeo mostra pedintes em várias situações mas sempre com a mão esticada focando a ação do pedir. Uma lousa e amontoados de pó de giz formam a obra da brasileira Cinthia Marcelle, que de uma forma simples, porém impactante, joga foco na comunicação ou na sua falta.

2010-10-03 16.58.14 Sobre Este Mundo, instalação da brasileira Cinthia Marcelle

Entre as obras que utilizam o vídeo, uma das mais interessantes é Tornado, do belga Francis Alys. Com uma câmera na mão, o artista se joga no meio de tornados no deserto do México numa prova que a arte é investigativa e que o artista não deve ter limites em sua coragem. Já o escocês Douglas Gordon apresenta uma coletânea de seus vídeos todos ao mesmo tempo e em vários monitores e telas. Com certeza, a instalação apresenta o bombardeio de informações que somos submetidos na atualidade.

2010-10-03 16.54.40 As dezenas de vídeos do escocês Douglas Gordon

Outra instalação bacana é The Eyes of Gutete Emerita, um trabalho do chileno Alfredo Jaar sobre o genocídio de Ruanda, na África. A obra traz um milhão de slides, todos com os olhos de Emerita, uma mulher que testemunhou a morte de seu marido e filhos e em seguida fugiu, sobre uma mesa de luz. É de arrepiar. Por fim, não deixe de ver a obra Arroz e Feijão, de Ana Maria Maiolino. Pintora, escultora, artista multimídia e desenhista, Anna Maria Maiolino é, ao lado de Lygia Clark, Lygia Pape, Mira Schendel e Hélio Oiticica, uma das artistas brasileiras de destaque dos anos 1960, apesar de menos conhecida que eles. Sua obra, exposta na Bienal, é formada por uma grande mesa de jantar com pratos cheios de terra, onde germinam sementes de arroz e feijão. Nada mais emblemático para a Bienal de 2010 cujo tema é a política.

2010-10-03 17.30.37 1 milhão de slides na obra The Eyes of Gutete Emerita

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Arroz e Feijão, de Ana Maria Maiolino

As fotos publicadas no blog foram tiradas na visita de domingo, já que é permitido fotografar sem o uso do flash. Então, mais uma dica: Leve também a sua máquina.

Serviço: 29ª Bienal de Artes de São Paulo. Fundação Bienal de São Paulo – Av. Pedro Álvares Cabral s/nº, portão 3 – Parque do Ibirapuera. Fone (11) 5576-7600. Horários: Segunda a quarta-feira e sábados, domingos e feriados das 9 às 18 horas e quintas e sextas-feiras, das 9 às 22 horas. Até 12 de dezembro. Classificação livre. Grátis. www.29bienal.org.br