quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

As 6 horas e meia de O Idiota

Você é feliz? Pode-se dizer que essa simples pergunta é o ponto de partida do espetáculo O Idiota. A obra de Fiodor Dostoiévski, levada aos palcos pela diretora Cibele Forjaz, em seis horas e meia de duração, já é um clássico do teatro paulista. A montagem, em cartaz até 27 de fevereiro no SESC Pompéia, pode ser vista em capítulos, em dias diferentes ou de uma vez só.

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Optei pelo intensivão e numa quarta-feira lá estava eu às 19 horas no SESC Pompéia embarcando nessa agradável viagem. A peça, que aposta na interatividade e num tom mais emotivo, nos apresenta uma história cheia de humor, mistério e romance, ou seja, um verdadeiro folhetim. O Idiota fala sobre a viagem de Míchkin, um príncipe sem dinheiro que regressa à Rússia para procurar uma parente distante após uma temporada na Suíça para tratar de sua epilepsia. No trem que o leva a São Petersburgo, seu destino se cruza com o do impetuoso Ragôjan, um homem bruto recém-enriquecido, apaixonado pela sedutora Nastássia Filípovna, por quem o jovem príncipe também se apaixona, além de se envolver com a sonhadora Aglaia.

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Apesar das seis horas e meia de duração (com dois intervalos, um de meia hora e outro de 15 minutos), o passar do tempo quase não é sentido, pois a montagem exige que o público se desloque, quase constantemente pelo espaço (há vários cenários, fixos e móveis). Nesse vai e vem de cenários, o público mergulha na história e participa da atmosfera do espetáculo, como na primeira cena quando público e atores se misturam dentro de um trem ou quando entramos numa cozinha com direito a  vários cozinheiros preprando alimentos e na festa de aniversário de Nastássia quando o público recebe uma taça de espumante para brindar.

Apesar de toda essa interatividade o ponto alto da montagem é o texto genial de Dostoiévski, que aborda os jogos de poder, dinheiro, sexo e conveniências numa sociedade violenta e corrupta. A direção precisa de Cibele Forjaz é de uma força extraordinária e o elenco dá conta do recado, com ênfase no trio feminino – Lucia Romano, Luah Guimarãez e Sylvia Prado – que dão um show a parte e botam os homens no chinelo. O destaque fica para as cenas finais. A do trepa-trepa (isso mesmo, aquele brinquedo de parques infantis) que faz a vez de um hotel é sensacional.

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O espetáculo acabou quase às 2 da manhã e valeu a pena. Após esse turbilhão de emoções fui para casa tranquilo, confesso que cansado, mas como uma convicta certeza: Eu sou feliz!

O crédito das fotos é de Lenise Pinheiro

2 comentários:

  1. A Adaptação realizada foi excelente. O espetáculo encanta e emociona, vemos as desventuras de um homem puro em meio a uma sociedade de repleta interesses e valores "morais". A inexistência do palco cria a aproximação entre público, enredo e personagens. Vale a pena conferir! Quem perdeu a oportunidade, torça por uma nova temporada!

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  2. Oi Karina, a montagem é mesmo ótima. Vamos torcer por novas temporadas. Obrigado pela visita ao blog.

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